Distopias históricas: diálogos entre a teoria da história e a literatura

O projeto visa discutir a possibilidade da existência de uma dimensão distópica em alguns estudos recentes no interior da teoria da história, particularmente naquelas que discutem os limites da narrativa histórica em sua relação com o passado. Destina-se a refletir sobre um tipo particular de conceito de história, pensando-o à luz do presentismo de François Hartog e do cronótopo moderno de Hans Ulrich Gumbrecht, confrontando estas duas expressões da consciência e das práticas históricas modernas e seu otimismo metodológico que advoga uma verdadeira utopia (científica) devotada à reconstrução do passado, tal como se expressa em diferentes autores, correntes e posturas historiográficas com um novo cronótopo, relacionado com expressões do pensamento pós-moderno marcadas pela presença do ceticismo e do relativismo, tal como se depreende na obra de alguns teóricos que se debruçam sobre o narrativismo e a nova filosofia da história como Chris Lorenz, Frank Ankersmit, Dominick LaCapra ou Eelco Runia. A despeito das expectativas positivas diante do futuro da disciplina histórica, este projeto procura analisar a outra face da utopia dos historiadores, pensando a temporalidade e a historicidade a partir do conceito de distopia, identificando-o como um des-lugar temerário e assustador. A hipótese que norteia o trabalho é a de que a presença da distopia, manifestada em diferentes obras literárias e na reflexão filosófica de alguns pensadores (como Theodor Adorno ou Walter Benjamin), apresenta enorme potencial crítico para se pensar uma dimensão distópica da história, que toma o passado como um des-lugar, um espaço-tempo que se desloca nas narrativas históricas e se projeta em passados frustrados, uma verdadeira utopia inversa na qual o passado se torna uma ameaça e um enigma para a investigação histórica.

Integrantes: Julio Cesar Bentivoglio - Coordenador / ARRAIS, Cristiano Alencar - Integrante / Alexandre de Sá Avelar - Integrante.

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